O xique-xique, cientificamente conhecido como Pilosocereus gounellei ou Cereus gounellei, é um cacto típico da caatinga brasileira, especialmente encontrado no sertão nordestino. Invadem as serras e caatingas do nordeste. Seus galhos se arrastam pelo chão formando verdadeiros alastrados. Este cacto é admirado por sua resistência e beleza, tornando-se um símbolo da vegetação. Esta planta é uma verdadeira sobrevivente, adaptada às condições áridas e desafiadoras da região.
Ao lado do mandacaru, é um dos frutos da caatinga disputados por colecionadores da espécie e integra alguns cardápios exóticos do Nordeste brasileiro (com pratos como o “cortado” de xique-xique).
Características do Xique-Xique
O xique-xique é um cacto de grande porte, podendo atingir até 5 metros de altura. Possui um caule cilíndrico e anguloso, que pode se desenvolver em touceiras, formando verdadeiros alastrados pelo chão. A cor verde-claro do caule é uma característica marcante.
Seus espinhos são agudos e brancos, protegendo a planta dos herbívoros. São utilizados por artesãos locais para confeccionar objetos decorativos e instrumentos musicais.
As flores são grandes e de coloração branca ou amarelada e são protegidas por uma espécie de algodão natural produzido pela planta. Surgem durante as noites, abrindo-se ao amanhecer, aparecem nos meses que antecedem as trovoadas, geralmente de dezembro a janeiro. Essas flores são polinizadas principalmente por morcegos e insetos noturnos, desempenhando um papel importante na biodiversidade local.
Os frutos são bagas de tamanho médio, verde por fora e vermelha por dentro, repletos de sementes, muito apreciadas por aves e animais da caatinga.
Importância Ecológica e Econômica
Além de sua beleza, o xique-xique desempenha um papel crucial no ecossistema da caatinga. Seus frutos são bagas de tamanho médio, verdes por fora e vermelhas por dentro, repletos de sementes que servem de alimento para aves e outros animais. Durante períodos de seca extrema, os agricultores utilizam o xique-xique como uma alternativa para alimentar o gado, devido à sua capacidade de armazenar água no caule.
Usos do Xique-Xique
Alimentação humana
As flores e os frutos do xique-xique são comestíveis e têm sido utilizados tradicionalmente por comunidades locais. Os frutos, conhecidos como “xique-xique” ou “cacto-fruto”, são doces e nutritivos, consumidos frescos ou utilizados em receitas como compotas e doces. Pratos como o “cortado de xique-xique” são exemplos de como essa planta é integrada à gastronomia local, oferecendo um sabor único e exótico.
Alimentação animal
Esta planta é também utilizada, pelos pequenos produtores, como uma alternativa para alimentação dos animais em períodos de longa estiagem nas caatingas do Nordeste brasileiro. Esta planta é a última alternativa dos agricultores para salvar seus animais, devido à grande dificuldade de sua utilização.
Medicinal
Na medicina popular, diversas partes do xique-xique são utilizadas para tratar problemas de saúde, como inflamações e doenças de pele. Isso se deve às suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.
Paisagismo
Devido à sua beleza exótica e resistência, o xique-xique é frequentemente utilizado em projetos de paisagismo, especialmente em jardins xerófitos. Sua presença em ambientes urbanos contribui para a valorização estética e a sensibilização sobre a importância da flora nativa.
Cultivo e Cuidados
O cultivo do xique-xique é relativamente simples. Ele se multiplica por sementes ou estacas e requer irrigação frequente nos meses mais quentes. É uma espécie que se adapta bem a diferentes tipos de solo, embora prefira substratos bem drenados. Para quem deseja cultivá-lo, é importante lembrar que ele deve ser protegido de geadas em regiões mais frias.
Curiosidades
- Etimologia: O nome “xique-xique” tem origem nas línguas macro-jês, enquanto “xinane” é uma provável derivação indígena.
- Estudo: Em 2005, no período de agosto a novembro, foi realizado pela Embrapa/Bahia, um estudo para avaliar o efeito da utilização do xique-xique sobre o ganho de caprinos Foram utilizados 12 animais. O delineamento experimental constou de três tratamentos com quatro repetições. Os animais consumiram, no período, uma média de 351,13 kg de fitomassa de xique-xique no período. O consumo diário de foi de 6,63 kg/dia. Os animais que receberam suplementação tiveram uma perda de peso menor do que aqueles que permaneceram em pastejo contínuo na caatinga.
Conclusão
O xique-xique (Pilosocereus gounellei) é mais do que um simples cacto; ele representa a riqueza e a diversidade do bioma da caatinga. Com suas características únicas e adaptações notáveis, essa planta não apenas enriquece o ecossistema local, mas também oferece oportunidades para cultivo sustentável e uso consciente. Ao apreciar o xique-xique, celebramos a beleza da natureza e a importância de preservar nossos ecossistemas.
Fontes:
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