Introdução
A ingazeira (Inga edulis Mart.), uma árvore majestosa encontrada nas florestas tropicais da América do Sul, especialmente na Amazônia, é muito mais do que apenas uma fonte de alimento. Com suas vagens longas e carnudas, repletas de sementes envoltas em uma polpa doce e suculenta, o ingá tem sido utilizado por diversas culturas indígenas ao longo dos séculos.
Classificação Científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Mimosoideae
Género: Inga
Espécie: Inga edulis
Características:
A Árvore
A Ingazeira é uma árvore de grande porte que pode atingir até 15 metros de altura. Suas folhas são compostas e suas flores, de coloração branco-esverdeada, florescem quase o ano todo.
Frutos
As espécies comestíveis de ingá produzem frutos em vagem, grandes e verdes, com sulcos no sentido comprido, que podem atingir até 1m de comprimento. A polpa é branca, levemente fibrosa e adocicada, bastante rica em sais minerais. Em geral, ela é consumida ao natural, pois não se presta a preparações culinárias. Também é usada na medicina caseira, sendo útil no tratamento da bronquite (xarope) e como cicatrizante (chá).
Folhas
Folhas divididas em 6 a 8 folíolos presos a uma haste folhosa com pilosidade de coloração ferrugíneo-tomentosa. Flores aglomeradas de coloração branco-esverdeada. Floresce quase o ano todo.
Flores
As flores, pequenas e branco-esverdeadas, se agrupam em inflorescências e dão origem às características vagens, que podem chegar a um metro de comprimento.
Um pouco de história e botânica
O nome “inga” tem origem indígena e o epíteto específico “edulis” significa comestível em latim, evidenciando a importância dessa fruta na alimentação de diversas comunidades.
Benefícios e Usos
Além de ser uma deliciosa fruta, o ingá possui diversos benefícios para a saúde. Sua polpa é rica em fibras, vitaminas e minerais, como cálcio, ferro e fósforo. Algumas das propriedades atribuídas ao ingá incluem:
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- Ação antioxidante: Ajuda a combater os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e diversas doenças.
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- Regulação intestinal: As fibras presentes no ingá promovem o bom funcionamento do intestino, aliviando a prisão de ventre.
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- Fortalecimento do sistema imunológico: As vitaminas e minerais presentes no ingá contribuem para fortalecer o sistema imunológico, aumentando a resistência do organismo a doenças.
O ingá na culinária e na medicina tradicional
A polpa do ingá pode ser consumida in natura, utilizada em sucos, sorvetes, bolos e outras preparações culinárias. Na medicina tradicional, diversas partes da planta são utilizadas para tratar diversas afecções, como problemas respiratórios, feridas e diarreia.
A importância da ingazeira para a conservação ambiental
A ingazeira desempenha um papel fundamental na conservação ambiental. Suas raízes fixam o solo, prevenindo a erosão, e suas folhas fornecem sombra e matéria orgânica para o solo, contribuindo para a fertilidade e a biodiversidade dos ecossistemas. Além disso, a ingazeira é uma espécie importante para a recuperação de áreas degradadas e para a criação de sistemas agroflorestais.
Condições de Cultivo
O cultivo do ingá apresenta algumas características importantes:
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- Clima: Prefere climas quentes e úmidos, com temperaturas entre 20°C e 30°C.
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- Solo: Adaptável a diversos tipos de solo, mas prefere solos bem drenados e ricos em matéria orgânica.
Propagação
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- Sementes: O ingá é geralmente propagado por sementes, que devem ser plantadas logo após a colheita, pois perdem viabilidade rapidamente.
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- Mudas: Também é possível cultivar a partir de mudas, que podem ser adquiridas em viveiros.
Cuidados
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- Rega: Requer umidade constante, especialmente nos primeiros meses de crescimento.
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- Adubação: O uso de adubos orgânicos ajuda no desenvolvimento saudável da planta.
Colheita
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- Frutos: Os frutos do ingá são comestíveis e podem ser consumidos in natura, além de atraírem fauna local.
Curiosidades
São conhecidas mais de duzentas espécies do gênero Inga, da família das Leguminosas. Nem todas elas são nativas das florestas amazônicas, como o ingá-cipó. Mas, em geral, os ingás preferem nascer às margens dos igapós, embrenhando-se pelas matas marginais dos rios amazônicos.
Quando ocorrem em outras regiões, os ingás também são característicos das matas de galeria que seguem os cursos d’água por onde passam.
Assim como todos os outros ingás brasileiros, o fruto do ingá-cipó é uma vagem. Nesse caso, vagens grandes e verdes. A principal característica deste ingá – e que faz com que ele se destaque dos demais – é o fato de sua vagem conseguir atingir até 1 metro de comprimento sem se partir. E é provavelmente por esse motivo, por ser tão comprido e ficar meio espiralado, que ele leva o nome do cipó.
Dentro dessa vagem encontram-se sementes negras e brilhantes. Envoltas pelo arilo – de cor branca, levemente fibroso, de consistência macia e sabor adocicado estas sementes são chupadas e depois botadas fora. Apesar do conteúdo dessa polpa ter propriedades nutritivas, esse fruto é consumido pela população da Amazônia mais como espécie de distração ou passatempo.
As vagens do ingá-cipó são facilmente encontradas à venda nos mercados das cidades amazônicas, podendo ser transportadas da floresta e das áreas de cultivo com facilidade sem se estragarem.
Bastante apreciado em toda a Amazônia, o ingá-cipó é muito cultivado nos arredores das habitações e por toda parte, sendo frequente na mata, no estado subespontâneo.
É muito comum, também, utilizar-se a árvore do ingá-cipó para o sombreamento dos cafezais plantados na região.
Conclusão
A ingazeira é um verdadeiro tesouro da natureza, com inúmeros benefícios para a saúde e para o meio ambiente. Ao consumir o ingá, estamos não apenas nutrindo nosso corpo, mas também contribuindo para a preservação da biodiversidade e para o desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentáveis.
Fontes:
https://coloradodooeste.ro.gov.br/inga-edulis-mart/
https://www.programaarboretum.eco.br/especie/112/inga-de-metro